Anunciado com grande entusiasmo há cerca de uma década, o Edifício Torre Flamengo prometia modernizar a paisagem da Praia do Flamengo com sua arquitetura contemporânea e espelhada, assinada pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Com 12 andares e dois subsolos, o projeto também incluía a construção de um teatro e oferecia vistas espetaculares de uma das paisagens mais emblemáticas do Rio. No entanto, a realidade hoje é bem diferente.
Desde 2017, as obras do edifício estão paralisadas, deixando apenas um esqueleto de cinco andares de área bruta construída. Quem a pela orla do bairro, ou pelo Aterro do Flamengo, não pode deixar de notar os tapumes pichados e vandalizados, e as estruturas enferrujadas das placas que antes anunciavam o empreendimento. A visão é de abandono, e os moradores locais apelidam o esqueleto de “caveira de burro da UNE”, por conta de no local ter existido a sede, destruída no governo militar, da União dos Estudantes.

O projeto do empreendimento foi encabeçado pela WTorre Engenharia, a mesma responsável pela reforma do Estádio do Morumbi, em São Paulo. O terreno pertence à União Nacional dos Estudantes (UNE), que, em troca, ficaria com um bloco de dois pavimentos e 1680 m² para a sua sede, com entrada independente. A previsão inicial de conclusão era para 2016, mas, após inúmeros atrasos, o edifício nunca foi concluído.
O Torre Flamengo tinha especificações técnicas elevadas e uma boa imagem corporativa, obtendo a classificação Buildings A. O edifício seria ideal para médias e grandes empresas, com padrão corporativo de ocupação, ar-condicionado central, certificação green building, lajes a partir de 476 m² e três elevadores sociais. A área construída prevista era de 11.949 m².


Um Terreno com História
Nos anos 1930, o local abrigava o elegante Clube Germânia, frequentado por imigrantes alemães. Durante a Segunda Guerra Mundial, com o Brasil em guerra contra os fascistas, o clube foi ocupado pela União Nacional dos Estudantes (UNE). O prédio foi a sede da UNE até a Revolução de 1964, quando foi apedrejado, incendiado e saqueado. Nos anos 70, o edifício permaneceu em ruínas até ser demolido no início dos anos 80, ficando anos sem construção.

Na virada do século, o terreno virou um estacionamento improvisado, até a UNE anunciar, em 2010, a construção de sua nova sede. Em 2012, a UNE anunciava o empreendimento com otimismo: “Projetado por um dos principais arquitetos do mundo, Oscar Niemeyer, o novo prédio terá 13 andares, com três pisos de estacionamento no subsolo, um centro cultural com dois cinemas, museu, livraria e café”.
Apesar do entusiasmo inicial, o projeto não avançou como previsto. Atualmente, não há sinais de retomada das obras. O DIÁRIO DO RIO tentou contato com a UNE e com a WTorre Engenharia para entender os motivos da paralisação, mas até o fechamento desta reportagem, não obteve resposta.