Na contramão do movimento global de descarbonização e incentivo ao uso de meios de transporte menos poluentes, 90% dos deslocamentos na Região Metropolitana do Rio de Janeiro são feitos em carros, vans e ônibus. Segundo um levantamento feito pelo Instituto de Energia da PUC-Rio (IEPUC-Rio), o transporte rodoviário emite até 46 vezes mais CO? por ageiro a cada quilômetro do que o trem ou o metrô, por exemplo. Além do prejuízo ao meio ambiente, o uso dos modais mais poluentes tem impacto direto na saúde da população e na economia da cidade.
Às vésperas do Dia Mundial do Meio Ambiente (05/06), o IEPUC-Rio promove um seminário para discutir o desafio da transição energética e reforçar a necessidade de incentivo aos transportes estruturantes mais sustentáveis. O Enercity 2025 acontece nesta terça-feira (03/06), a partir das 9 horas, no auditório da PUC-Rio, com a presença de representantes de governos e de empresas dos setores de energia, saneamento e transportes.
De acordo com os dados, os carros são os mais poluentes, emitindo 46 vezes mais por ageiro por quilômetro do que os transportes sobre trilhos. BRT e ônibus emitem 6,47 e 11,65 vezes mais CO? por ageiro/km, respectivamente. O levantamento revela que, no Rio, o setor de transporte coletivo emitiu um total de 2,7 milhões de toneladas de CO? entre janeiro de 2018 e setembro de 2024. Os ônibus, isoladamente, foram responsáveis por quase 84% dessas emissões. Por outro lado, os modais eletrificados representam apenas 7% das emissões totais e ainda foram responsáveis por evitar a emissão de aproximadamente 1,17 milhão de toneladas de gases entre 2018 e setembro de 2024.
Além dos ganhos ambientais, os números mostram que uma mobilidade urbana mais eficiente estimula setores como turismo e comércio. Já a opção pelo transporte rodoviário causa mais congestionamentos e, consequentemente, um aumento dos gases poluentes e do tempo médio das viagens, o que afeta a qualidade de vida e a produtividade no trabalho. Dos trabalhadores moradores da cidade do Rio ocupados, 19% gastam mais de 60 minutos no trânsito de casa ao trabalho. Para os que vivem na periferia, esse percentual sobe para 27%.
Outro fator que demonstra a necessidade de desenvolvimento de um planejamento integrado entre os governos municipais e estadual está na sobreposição de linhas entre modais. Hoje, ônibus concorrem diretamente com trens e metrô, ao invés de atuarem como alimentadores dos transportes de alta capacidade. O levantamento da PUC-Rio mostra que a área da cidade coberta pela rede de metrô e trens é atendida por muitas linhas de ônibus que apresentam um nível elevado de sobreposição. Atualmente, 51 linhas municipais de ônibus têm rotas que sobrepõem mais de cinco estações do metrô.
- SERVIÇO:
- ENERCITY 2025 – Transição Energética em Cidades
- Dia 3 de junho (terça-feira), das 9h às 13h
- Local: Auditório do RDC no Campus da PUC-Rio
- Inscrição: Link