A partir de segunda-feira (02/06), a Pinakotheke Cultural, no Rio de Janeiro, e o Instituto Pintora Djanira apresentam a exposição “Djanira – 110 anos”, com 50 trabalhos da grande pintora que retratou o Brasil e seu povo. Com curadoria de Max Perlingeiro e Fernanda Lopes, a mostra é composta por cinco núcleos: Retratos; Religiosidade – Ritos, Mitos e Sonhos; O trabalho e a pintura de gênero (termo cunhado no barroco e usado para definir a pintura que retrata aspectos da vida cotidiana e pessoas comuns engajadas em suas atividades); Registros do Brasil; e “Aventuras de Procopinho”, desenhos em guache sobre papel nunca mostrados antes ao público. No dia 10 de junho, às 19h, haverá o lançamento do catálogo e visita guiada à exposição com os curadores.
Algumas obras inéditas de Djanira destacadas na exposição são: “Sem título [Primeiro retrato de Motta]”,1952; “Dança de Iemanjá”, 1952; “Autorretrato”, sem data; “Engomadeira”, 1954; “Santa ceia com vista de Santa Teresa”, 1958; “Orixá Oxalufan – Orixá Velho”, 1958; “Índia Canela” [estudo],1960; “Bumba meu boi”, 1961; “Alambique”e “Casa de Paraty”, de 1967 (que embora constem de publicação do MASP nunca foram exibidos);“Orixás”, 1970;“Sem título” [estudo para a capa do álbum “Casa de Farinha”], circa 1974; “Mina de carvão”, circa 1974; e “Transamazônica” (1978).
Max Perlingeiro afirma que a vida de Djanira era pintar: “No decorrer de sua vida, participou ativamente do meio cultural e social no Rio de Janeiro. Seu reconhecimento e sua contribuição para a arte moderna brasileira se traduzem nas inúmeras exposições internacionais recentes”. Já Fernanda Lopes destaca que a exposição é “uma celebração histórica da vida e da produção da artista, além do seu olhar afetuoso e interessado para o Brasil e da sua fundamental contribuição para a nossa história da arte”.
Eduardo Taulois, diretor-geral e fundador em 2021 do Instituto Pintora Djanira, junto com Fernanda Lopes, falou sobre a exposição: “o público verá pinturas em tinta a óleo, além de desenhos, guaches e gravuras, quase todos inéditos, que mostram o processo criativo e dos interesses de Djanira. Estarão ainda documentos e objetos pessoais da artista, além óleos , gravuras, guaches e desenhos, muitos deles inéditos e que mostram um pouco do processo criativo e da pesquisa da artista. A pesquisa feita por Djanira partia de observações in loco, de diversas partes do país, manifestações religiosas, paisagens , festas populares e trabalhadores que, segundo sua visão, são a essência da nossa nação. Outro ponto importante que deve ser ressaltado em relação ao método de pesquisa de Djanira é a importância do desenho , do guache e a gravura que, mesmo sendo obras prontas e de grande qualidade , são o seu palco preferencial para a experimentação“.
Djanira nasceu em 20 de junho de 1914, em Avaré, São Paulo, descendente de guaranis e austríacos, e desde os dois anos de idade foi criada por outra família, em uma pequena cidade de Santa Catarina, Porto União, divisa com Paraná. Trabalhou na lavoura de café, na criação de gado e cozinhou para famílias. Aos 18 anos foi para São Paulo, e, depois de se tratar de tuberculose pulmonar em São José dos Campos, onde fez seu primeiro desenho, se estabelece em Santa Teresa, bairro alto no Rio de Janeiro, aos 25 anos. A força de seu trabalho se impôs, apesar de não ter sido acolhida pela academia, e Djanira integrou o círculo dos grandes artistas e críticos de sua época.
Em 1958, ganhou sua primeira retrospectiva no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, instituição muito presente em sua vida. Expôs em vários países europeus e nos EUA. Morreu no Rio de Janeiro, em 31 de maio de 1977, e sua obra permanece viva e atual. No ano ado, foi uma das artistas a integrar a Bienal de Veneza, que teve curadoria de Adriano Pedrosa, e também a exposição “Brasil! Brasil! – The Birth of Modernism”, no Zentrum Paul Klee, em Berna, Suíça, organizada em parceria com a Royal Academy of Arts de Londres.
- Serviço: Exposição “Djanira – 110 anos”
- Pinakotheke Cultural
- Visitação pública: 2 de junho a 19 de julho de 2025
- Pinakotheke Cultural – Rio de Janeiro
- Rua São Clemente 300, Botafogo
- Segunda a sexta-feira, das 10h às 18h, e sábados das 10h às 16h.
- Entrada gratuita