Não é exagero, nem saudosismo. As padarias estão mesmo sumindo das ruas cariocas — especialmente na Zona Sul. Um levantamento recente da Prefeitura do Rio, com base nos cadastros de inscrição municipal ativos, revelou o que muitos moradores já sentem no cotidiano: hoje, há mais farmácias do que padarias na região. E a diferença é expressiva.
Enquanto o número de padarias na Zona Sul é de 380, as farmácias já somam 425. Copacabana, bairro com a segunda maior proporção de idosos da cidade (perdendo apenas para o Leblon), é também o campeão em drogarias: são 118 farmácias, contra 93 padarias. Em média, uma drogaria a cada 100 metros.
O fenômeno é inédito no Rio. A Zona Sul é a única região da cidade onde farmácias ultraaram padarias — uma inversão que chama a atenção não só pelos números, mas pelo impacto na vida cotidiana, sobretudo de moradores mais antigos e idosos, que valorizam a rotina de ir à padaria para um café, uma conversa ou o tradicional pão francês. Segundo dados de 2024 da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop), a cidade do Rio já soma mais de 2.500 estabelecimentos do tipo. Isso equivale a uma média de uma farmácia para cada 2.640 habitantes.
A escassez levou até a manifestações bem-humoradas. Há duas semanas, um morador de Botafogo instalou uma placa no canteiro da Rua Voluntários da Pátria com os dizeres: “Chega de farmácias, quero uma padaria”. O protesto fazia referência ao fechamento da tradicional Panificação Voluntários, que encerrou as atividades após 66 anos, dando lugar a mais uma unidade da Drogaria Cristal.
Especialistas apontam uma combinação de fatores para esse avanço, como o envelhecimento da população, o maior o a medicamentos por programas de saúde pública e, claro, a expansão agressiva das grandes redes.
Cada um no seu mundinho,sempre com saudades do Crivela!
Se tem mais farmácia do que precisa, a falta de cliente vai cuidar disso.
Do outro lado, querem obrigar padeiro a abrir padaria mesmo sem cliente?
As cidades do Interior (Manhuaçu-MG) não fica atrás,tem mais farmácias drogarias do que padarias .
Ué… É só não autorizar mais abertura de drogarias.
Quem emite o alvará é a Prefeitura!
Ué o poder público vai interferir na liberdade econômica? Não é capitalismo?
Ah, mas clubes de tiro, lojas de armas e outros podem limitar, né?
Ludo I
Sim, os governos podem limitar o número de estabelecimentos em determinadas regiões, zonas, por meio de instrumentos legais e tudo em conformidade com a Constituição.
Essas restrições visam regular seja áreas específicas, como a saúde, a educação, ou ainda o comércio em geral e garantir que haja um número suficiente de estabelecimentos em uma determinada área, por exemplo, mista (residencial e comercial) em vez de permitir a livre concorrência para determinar o número suficiente, sem excessos que descaracterize o zoneamento urbano.
O problema é que aqui muito mal é porcamente as autoridades são capazes de fazer o básico, o que dirá isso.
Muito bem esclarecido. Obrigado! ?????? A população não faz ideia das responsabilidades que cabem aos nossos gestores públicos. “Apenas” por isso, vivenciamos tantas dificuldades cotidianas.
E fora que o excesso de lojas de determinado grupo, característica de política agressiva abrindo filiais, pode ser danoso ao que se espera da livre concorrência…
Esse cálculo deve estar bem errado!
Só na Rua São Clemente são cerca de 40 farmácias!